Velhice é doença? Não!

A SBGG está trabalhando ativamente nas discussões sobre a inserção da velhice como doença na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), que entra em vigor em 01/01/2022.

A Dra. Ivete Berkenbrock, Presidente da SBGG e Dra. Vania Herédia, especialista em Gerontologia pela SBGG, falaram durante a audiência da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa sobre como essa definição pode prejudicar o registro correto das causas de mortes e aumentar a discriminação contra a pessoa idosa.

O caminho até aqui

Desde os anos 1970, o mundo reconhece a “Era da Longevidade”. Isso significa que a população mundial estava envelhecendo de forma rápida e acelerada. Nem todos os países estavam preparados para atender as demandas do envelhecimento da sua população.

Naquele contexto, em Viena (1982), nasceu a ideia da “Primeira Assembleia Mundial do Envelhecimento” com o discurso de que é necessário preparar o envelhecimento da população.

Vinte anos mais tarde, em Madrid, ocorre a “Segunda Assembleia Mundial do Envelhecimento” com a Proposta do Envelhecimento Ativo, um envelhecimento saudável. A partir dessa discussão mundial, muitos países reconhecem a necessidade de preparar o envelhecimento de sua população.

O que é a velhice

Na política de envelhecimento ativo o padrão de idade de 60 anos, estabelecido pelas Nações Unidas, é usado para “descrever pessoas mais velhas”.

O documento propõe que “qualquer que seja a idade definida dentro de contextos diferentes é importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento”.

Nesse cenário, a política de envelhecimento ativo mostrou que é possível aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são mais frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.

A realidade brasileira

O aumento da expectativa de vida ao nascer já é uma realidade se comparado a décadas anteriores, o que permite afirmar que mais pessoas chegam a idades avançadas.

Entretanto, a população idosa é bastante heterogênea. O que representa essa afirmação? Que a idade não é o único grande marcador da velhice, mas também ser ativo e outras questões funcionais.

Então identificar a velhice de forma ampla como uma doença pode significar um retrocesso, o que coloca em jogo os 30 anos em que as Sociedades construíram uma imagem positiva do envelhecimento.

Veja alguns pontos da “Década do Envelhecimento Saudável”:

• Mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos com relação à idade e ao envelhecimento;

• Apesar de todas as contribuições e ações que as pessoas idosas fazem e fizeram às suas comunidades e familiares, ainda existem muitos estereótipos (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) em relação às pessoas com base em sua idade;

• A discriminação por idade afeta pessoas de todas as faixas etárias, mas tem efeitos particularmente prejudiciais sobre a saúde e o bem-estar das pessoas idosas.

Velhice é doença? Não!

Aceitar que a velhice seja vista como um diagnóstico clínico implica em recuar frente aos avanços que foram conquistados ao longo desses anos, à medida que o mundo foi envelhecendo, agudizar as questões referentes a preconceitos de idade e colocar o idoso num lugar social secundário, sem protagonismo social.

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