População idosa
corresponde a 60% dos brasileiros com câncer
Segundo
médica da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, tumores de próstata
e de mama são mais comuns nessa fase da vida
Esta
terça-feira, 4 de fevereiro, é lembrada como o Dia Mundial de Combate ao
Câncer, segundo o calendário da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Recentemente, a notícia sobre o diagnóstico e tratamento de um câncer de pulmão
de Ana Maria Braga levantou um debate sobre o desenvolvimento de tumores entre
pessoas idosas. Com 70 anos, a apresentadora de TV fumou há mais de quatro
décadas.
A
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) destaca a importância
do diagnóstico e tratamento do câncer entre idosos. Segundo a Drª Theodora
Karnakis, médica geriatra e presidente da Comissão de Oncogeriatria da SBGG,
aproximadamente 60% dos cânceres acometem pessoas com 60 anos ou mais. Além
disso, cerca de 70% das mortes por câncer acontece com idosos.
“Cânceres
como o de próstata, nos homens, e de mama, nas mulheres, são mais comuns nessa
fase da vida. Outros tipos de tumores, como o de pulmão, também ocorre, pois, normalmente,
estão relacionados a uma maior exposição ao tabagismo com o decorrer da idade”,
explica a médica geriatra.
Apenas
para o câncer de pulmão, estima-se que no Brasil foram 18.740 novos casos entre
homens, em 2019, e 12.530 entre mulheres, no mesmo período. No país, esse tipo
de tumor é o segundo mais frequente entre homens e o quarto, entre mulheres,
segundo do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Dados da American Cancer Society e do INCA também apontam que o câncer de
pulmão ocorre principalmente entre pessoas com 65 anos ou mais.
A
especialista da SBGG alerta que, com o crescimento na taxa de expectativa de
vida da população brasileira, é preciso uma atenção com a prevalência também
dos diferentes tipos de câncer, devido às comorbidades que podem estar
relacionadas: “Isso requer avaliações mais específicas e monitoramento
constante do tratamento, prezando pela segurança e pela qualidade de vida”.
Comissão de
Oncogeriatria
A
presidente explica que a criação da Comissão de Oncogeriatria pela SBGG já
começou a ser discutida há mais de cinco anos e se referencia em outras
instituições como a International
Association of Gerontology and Geriatrics (IAGG), que têm iniciativas
similares.
“Recebo
e-mails de especialistas de todo o país, interessados no assunto envelhecimento
e câncer ou solicitando orientações. Para este ano, alinhados à Sociedade
Brasileira de Oncologia Clínica, pretendemos iniciar o desenvolvimento de
diretrizes para direcionar o trabalho e, acima de tudo, trazer benefícios a
essa população”, conclui Karnakis.