Janeiro Branco
No mês de conscientização sobre Saúde Mental, especialistas falam das demências
Doença
de Alzheimer acomete cerca de 1,2 milhões de brasileiros e exige
conscientização e apoio da família e da sociedade nos cuidados com idoso com
enfermidade
“Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então,
para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente”. A reflexão é da
personagem central do livro Para Sempre Alice, uma renomada neuro-linguista
que, ironicamente, descobre e passa a conviver com a Doença de Alzheimer. Assim
como a personagem, cerca de 1,2 milhões de pessoas, a maioria com 60 anos ou
mais, vivem com demências no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de
Alzheimer (ABRAz).
No mês marcado pela conscientização sobre a Saúde Mental, a Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) alerta para a importância das
demências, doenças neuro-degenerativas, de curso crônico, irreversível, que
causam a diminuição progressiva das funções cognitivas, alterações de comportamento
e perda da capacidade funcional.
Segundo a psicóloga especialista em Gerontologia, Eloisa Adler, a
longevidade é um desafio do século XXI. Doenças como o câncer e as demências têm
maior prevalência com o avançar da idade. “Uma pessoa acometida por uma
demência perde progressivamente a sua autonomia, ou seja, a capacidade de fazer
suas próprias escolhas e tomar decisões”.
O médico geriatra Paulo Canineu detalha que os primeiros sintomas
geralmente são de alterações da memória recente. “Também pode haver mudanças de
comportamento, ansiedade e depressão, evoluindo lentamente para perda de nexo,
incontinências fecal e urinária e imobilidade física, que pode levar a pessoa a
ficar acamada”, diz.
“Autonomia, um referencial fundamental da
Bioética contemporânea, como um princípio lapidar da liberdade de escolhas, é
comprometida precocemente na devastadora Doença de Alzheimer”, complementa a
médica geriatra Claudia Burlá.
Família
e atendimento especializado
De acordo com Canineu, tratar uma pessoa que teve
infarto, por exemplo, é diferente de tratar outra com uma demência, como a
Doença de Alzheimer, a mais frequente entre elas. “Enquanto a primeira depois
de um ano pode melhorar, fazendo uma reabilitação e melhorando os hábitos, a segunda,
terá uma evolução progressiva por mais precoce que seja o diagnóstico e o
início do tratamento”, explica.
Nesse momento a presença e o envolvimento da família são
essenciais, enfatiza Burlá: “Os familiares têm responsabilidade de
proteger e cuidar da pessoa idosa com diagnóstico de algum tipo de demência”. De
acordo com a especialista, não adianta apenas prescrever remédios, mas realizar
um trabalho integrado, multi-interdisciplinar de reabilitação cognitiva e
suporte familiar.
Adler e Burlá
complementam que a abordagem integrada geronto-geriátrica é a base para a
maximização da autonomia e otimização funcional da pessoa idosa nos diferentes
cenários do processo do envelhecimento.