Especialista da SBGG faz alerta em dia de conscientização da violência contra a pessoa idosa

Hoje, dia 15 de junho, é lembrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2018, houve 37 mil denúncias de algum tipo de violência contra o idoso. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) chama a atenção para importância da denúncia e do desenvolvimento de políticas voltadas à cidadania dessa parcela da população.
Para o Dr. Vicente de Paula Faleiros, integrante da SBGG, a data, criada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, tem como objetivo dar visibilidade a um assunto estigmatizado na sociedade.
“É um dia para dar visibilidade para uma questão que estava embaixo do tapete. A perda de funcionalidades, natural do envelhecimento, não pode ser desculpa para a prática de violência e perda da cidadania”, diz o Faleiros, que também integra do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDI).
O Estatuto do Idoso caracteriza a violência contra o idoso como qualquer ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. Entre as práticas mais comuns de violência estão negligência (38%), violência psicológica (26,5%) e violência patrimonial (19,9%).
Denúncia e soluções
Em relação a 2017, houve um aumento de 13% no número de denúncias no Disque 100, canal de denúncias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para violações de direitos da pessoa idosa, criança, pessoas com deficiências, população LGBTQ+ e discriminação racial, entre outros. Para Faleiros, esse é um importante canal de comunicação, revelando a incidência das agressões, porém, é preciso mais.
“A denúncia coloca o dedo na ferida, mas ela não traz alívio para o problema”. Isso se deve ao fato de que a maioria das violências cometidas contra idosos são praticadas no ambiente familiar (85,6%) e mais da metade são cometidas por filhos (52,9%) e netos (7,8%), complementa o especialista. As mulheres são as principais vítimas, com 62,6% dos casos de denúncias registradas.
De acordo com o especialista, solucionar o problema exige esforços conjuntos entre poder público e população para que o ambiente público seja inclusivo e as famílias saibam lidar com as particularidades dos idosos. “Ser humano é dialogar sobre as diferentes fases da vida, então precisamos de informação e educação para entender e interpretar o envelhecimento. A cidade, a saúde, a educação e afins, também precisam ser mais inclusivas para evitar os casos de violência”, conclui Faleiros.