Dia Mundial de Luta contra a Aids

No dia 1° de dezembro é lembrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Nos últimos anos o Brasil tem visto o avanço da doença, inclusive na população acima de 60 anos. Segundo dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2016, do Ministério da Saúde, o número de pessoas com mais de 60 anos com HIV em 2015 chegou a 2.100 casos. Um avanço de 53,8% em comparação a 2006.

O infectologista Gerson Salvador, que atua em dois hospitais da Universidade de São Paulo, destaca que o idoso está mais ativo e tem maior qualidade de vida. Porém, para o especialista, além da falta de uso de camisinha, existe um estigma social sobre o vírus. “A população mais velha tem baixa adesão ao uso de preservativos. Além disso, eles ficaram marcados pelo surgimento da aids, nos anos 80, quando existia o estigma de que era uma doença que acometia homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo, hemofílicos e usuários de drogas. Então, quem não pertencia a esses grupos julgava-se fora de risco”, explica Salvador.

O especialista também esclarece que o conceito de grupo de risco é equivocado e ultrapassado, uma vez que independente do sexo, profissão, todos estão sujeitos à infecção e que a exposição depende de comportamento de risco e vulnerabilidades social.

Na faixa etária acima dos 60 anos, o vírus é descoberto após adoecimento secundário decorrente da Aids ou por exames sorológicos. Paulo Feijó Barroso, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), orienta que, sempre que necessário, o médico geriatra deve solicitar a testagem anti-HIV para que a doença não seja descoberta de forma tardia, iniciando o tratamento o quanto antes.

“Fazer o diagnóstico de infecção pelo HIV após o adoecimento causado pelo vírus traz uma série de complicações não desejáveis” alerta Barroso.

O Brasil possui uma das maiores coberturas de tratamento antirretroviral (TRAV) entre os países de baixa e média renda, segundo Organização das Nações Unidas para o combate a AIDS, a UNAIDS. Estimativas do Relatório Clínico do HIV, também do Ministério da Saúde, apontam que 193 mil pessoas com 50 anos ou mais convivam com o vírus, das quais 72% fazem o tratamento antirretroviral e possuem baixa carga do vírus.

Os avanços nas políticas públicas e de cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de HIV no Brasil aumentou a expectativa da população que vive com a doença. O Relatório Clínico mostrou que essa ampliação impactou no número pessoas que vivem com HIV acima dos 60 anos e que nunca fizeram tratamento antirretroviral, caindo de 34% em 2009 para 14% até 1º de junho de 2017.

Porém, o tratamento do HIV em idosos possui diferenças com relação às outras faixas etárias, já que pessoas acima de 60 anos frequentemente utilizam outros remédios e precisam ser levados em consideração na hora do TRAV. Segundo Gerson Salvador de Oliveira, o HIV pode influenciar em doenças cardiovasculares e ligadas ao sistema metabólico.

Mas, segundo Paulo Feijó Barroso, houve avanços nos medicamentos para o tratamento de infecção por HIV, diminuindo a reação com outras drogas. “Felizmente, nos últimos anos, conseguimos medicamentos para o tratamento da infecção para o HIV que são menos tóxicos, interagem menos com outros medicamentos e são melhor tolerados pelo paciente”, explica o infectologista.

A SBGG reforça a importância do sexo seguro em todas as faixas etárias, inclusive em pessoas acima de 60 anos. Apesar do aumento na expectativa de vida, a aids não tem cura e pode afetar todos os aspectos da vida do paciente.